Ninguém me contou que o mais difícil não seria a notícia.
Nem o velório.
Nem o enterro.
Mas sim o dia seguinte.
O dia em que o mundo volta a funcionar.
O trânsito flui, o mercado abre, os vizinhos acordam cedo.
Tudo parece exatamente igual, menos a minha casa.
Menos eu.
Aqui dentro, tudo estava em silêncio.
Mas era um silêncio que gritava.
Um vazio que pesava no ar...
Eu acordei e percebi que tudo tinha mudado, menos o mundo.
E agora, só eu carregava essa ausência.
Só eu sabia da dor de olhar para aquela cadeira e não te ver ali, as memórias, mas sem nenhuma presença.
Deu raiva.
Uma dor que sufocou.
Mas a falta não some.
Ela só muda de lugar com o tempo.
E você vai tentando aprender a andar no meio disso, catando seus próprios pedaços e se perguntando:
como é que continua agora?
A verdade é que a vida não volta ao normal.
Ela se reconstrói em outro formato.
E a gente segue.
Devagar, sim.
Sem entender tudo, sim.
Mas segue.
Você não precisa estar pronta.
Só precisa respirar.
E dar o próximo passo.
Deus continua ali, mesmo quando tudo parece suspenso.
E aos poucos, no seu tempo, a vida volta a pulsar.
De um jeito novo, mas ainda vida.
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