segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Um olhar distante


Hoje estava no médico
esperando minha vez de ser chamada e quando se senta ao meu lado uma senhora que aparentava ter seus 70 anos
começou a conversar comigo, mais algo me intrigada naquela senhora, algo estava diferente nela naquele olhar, começou a contar
de suas 7 gestações sendo a penúltima de gêmeos e logo após uma de uma menina
contava sobre as dificuldades de sua época em se ter bebes acessos aos hospitais e etc, mais aquele olhar me intrigava, era um olhar que
vagava em um mundo próprio, vagava longe e na conversa eu as vezes falava com ela e ela estava perdida, como alguém que esta para tomar
uma decisão, ela contou de seus filhos netos e bisnetos, meu esposo a elogiou pois estava muito bem para bisneto,foi quando nesta hora ela respirou tomou folego e me disse eu estaria muito bem se não fora uma rasteira que tomei da vida a 11 anos, á 11 anos senti minha pele se rasgando abria-se um buraco no chão e eu queria entrar nele, a 11 anos minha filha de 24 anos morria de câncer...
Naquele momento eu entendi o que me intrigou no momento que a vi, aquele olhar perdido eu já conhecia
sim eu já havia visto aquele olhar era o mesmo olhar que
eu encontrei em minhas avós a minha avó Silvia que não havia perdido somente um mais 5 filhos, sendo uma aos 3 anos a segunda aos 2 anos o terceiro o casal que morrera no parto e  meu tio aos 18 anos em um acidente, era aquele olhar que minha avó paterna que havia perdido 3 filhos uma aos 3 anos e seus gêmeos no parto, lembro-me que elas passavam horas falando nestes filhos e seus olhares vagavam longe, como se o tempo voltasse e toda aquela dor fosse sentida novamente tão intensa quanto ...
Aquele olhar  daquela senhora que já estava marejado pelas lágrimas e eu me segurei entendia aquela dor e sabia qual era no momento que falei para ela, ela suspirou e me disse não preciso mais descrever minha dor você a conhece sabe como ela é inexplicável, hora me falava hora voltava-se para seu olhar distante dando pausa as palavras que não eram
somente proferidas mais sentidas,  neste momento lembrei do olhar era o mesmo olhar de minha madrinha que perdeu meu amado primo Drigo afogado aos 7 anos
era o mesmo olhar de minha Tia Genice que perdeu meu primo amado Hercules assassinado no portão de nossa casa, as vezes eu chegava em sua casa e ela estava naquele sofá com aquele olhar que vagava tentando buscar respostas tentando intender.
Aquela senhora tinha este olhar o mesmo olhar que o meu.Ela olhou meu esposo e disse -Acho que hoje estaria 30 anos mais nova se não fosse a morte de minha amada filha, esta dor ela nos destrói eu, eu não tenho o que falar...Somente digo  que ela dói e como ela dói... Logo lhe chamaram e ela se foi...A ultima frase que medisse foi: Temos que aprender a viver Todos os dias depois da perda de um filho...

2 comentários:

  1. Acho que não tem como aprender amiga, essa dor que nos destrói a alma não deixa espaço para aprender a conviver com ela, ela simplesmente dói e como dói. Vamos morrer sem aprender a lidar com essa dor, infelizmente ela é infinita mas eu tenho esperança que depois que eu morrer e reencontrar meus filhos aí sim a dor vai passar enquanto isso é viver um dia de cada vez pois não há o que fazer.

    ResponderExcluir


ESTER EU TE AMO ETERNAMENTE

Sinto saudades...

glitters