sábado, 2 de junho de 2012

Mães de anjo...





 Mães de anjos.




Hoje eu quero propor silêncio. Um silêncio em respeito a todas as mães que perderam seus filhos, ainda no ventre, ao nascerem, alguns dias depois ou muitos anos após terem chegado a este planeta. Quantas vezes reclamamos do cansaço do trabalho que uma criança nos dá?

Vamos nos lembrar que estas mães dariam de tudo para trocarem uma fralda no meio da madrugada, acordarem mil vezes para dar peito. Que elas seriam felizes ao tentar fazer os bebês dormirem ou lidariam com alegria ao enfrentarem as crises de birra de suas crianças. Quando as cosias estiverem difíceis, que possamos nos lembrar da dor infinita que é não passar por nenhum desafio da maternidade ou encerrá-lo subitamente.

Eu trabalho com a vida. Vejo nascer bebês e tenho a honra de ter abraçado com tanto amor esta missão. Algumas vezes já coloquei aqui como vejo semelhanças entre o nascer e o morrer. São grandes portais de conhecimento e sabedoria. Na hora de chegar e na hora de partir aceleramos aprendizados importantes de nossa s almas.

Neste exato momento estou doulando uma amiga que perdeu seu bebê no ventre. Talvez seja o processo mais difícil porque vai contra a natureza. A natureza é de vida, daquilo que dá certo. A vida tem tanta força. Pessoas e bebes sobrevivem em situações adversas. Algumas vezes o outro lado da moeda, o lado das sombras, da morte se faz presente.

Dentro de nós também, neste processo final temos a chance de fazer escolhas humanizadas: não intervir em um aborto retido, não prolongar fazendo manutenção do corpo de uma alma que quer partir. É a humanização da morte, seja ela do bebê no ventre ou fora dele também é uma linda lição e reflexão.

É triste. Mal posso conter as lágrimas imaginado uma barriga sem feto, um berço sem bebê, peitos fartos cheios de leite sem ter a quem alimentar. É triste, doloroso. E mesmo nestes momentos tão difíceis há maneiras respeitosas de lidar com a partida.

Uma mãe que escolhe não fazer uma curetagem para que seu corpo entregue o feto que não se desenvolveu; uma mãe que segura pela primeira vez seu bebê no colo e o espera partir com a mão em seu coração dizendo eu te amo e adeus.

São histórias de mulheres ímpares, histórias tristes que acontecem todos os dias. Histórias de famílias que se encaixam na pelve das incertezas, envoltos por águas de lágrimas e paredes apertadas de saudade, de ponta cabeça, indefesos, movidos por um medo incrível do desconhecido. Atravessam este caminho estreito, escuro e com cheiro de intimidades para parirem novas instancias de si mesmos.

Ao terminar de ler este texto, seja qual for sua religião, credo, faça uma oração por estas mães e estes anjos velozes que passaram tão rapidamente nesta Terra. Façamos nossa prece também para agradecer nossos desafios maternais.

Que Deus guie estas almas pequenas de volta para a fonte e que abençoem e confortem aqueles que ficaram transformando a dor em sabedoria.

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